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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Crônica de um livro comprado

Para o leitor assíduo, nenhuma sensação é comparável àquela de entrar em uma livraria e ser possuído pelo cheiro e pela diversidade de uma infinidade de livros. Ao mesmo tempo em que se experimenta uma euforia, vive-se também uma certa calmaria, que contribui para que se passe a tarde inteira naquele lugar, sem considerar o passar das horas. E foi esse misto de sensações tão diversas que experimentei, numa tarde solitária, porém tranquila. Ao entrar naquela livraria, senti que todas as minhas preocupações, medos e ansiedades estavam se esvaindo aos poucos, e davam lugar a uma calmaria e à sensação de que tinha o tempo todo pela frente, um tempo só meu, pra admirar aqueles livros, sentir seus cheiros, ler as sinopses.
Não tinha a pretensão de levar livro algum. Mas o leitor assíduo também sabe o quão difícil é somente olhar... Dá vontade de levar todos. Cada um com uma história, cada um com um propósito... E eu, sem propósito algum, queria apenas sentir a calmaria trazida por aquele ambiente. Visitei cada prateleira, meus olhos percorreram a vastidão... Até que em um momento, fitei ao longe uma pilha de livros, pela qual todos passavam e logo viravam as costas. Caminhei até lá. Vários livros, de diferentes gêneros, todos ali. Olhei a cada um, com cuidado, como se o tempo tivesse parado e para cada um dos que abria, experimentava uma certa alegria, por pelo menos saber da existência deles. Dediquei um tempo singular a cada um. E entre vários títulos, um em especial, chamou-me atenção... Não era um clássico, não era um best-seller, sequer conhecia o autor. Obviamente também que chegar a esse momento de fitar apenas um livro não foi tão fácil. Eu tinha que me haver com uma escolha. Mas passada a fase mais difícil, a da escolha, tomei aquele livro (“desconhecido”) pelas mãos; examinei-o cuidadosamente, li sua sinopse, senti seu cheiro ao folhear as páginas e, seduzida por ele, por seu desconhecido, decidi que o levaria. Eu, que estava ali “sozinha”, havia encontrado um companheiro. Queria levá-lo comigo e foi o que fiz. Dirigi-me ao caixa, com certa ansiedade. Paguei pelo livro e a moça que me atendeu colocou-o numa sacola.
Olhei para o relógio e vi que já estava tarde, era hora de ir embora. E saindo da fila de pagamento, tirei o livro da sacola, só pra vê-lo de novo, saber que estava ali, que estava comigo. E que sensação maravilhosa me percorreu ao pegá-lo nas mãos. Era meu! Sorri da situação toda, deveria estar parecendo uma boba, feito uma criança quando ganha um presente que tanto queria. Mas não estava preocupada, de fato, sobre o que pensariam de mim. Apenas coloquei MEU livro novamente na sacola e dirigi-me para a saída, levando meu mais novo companheiro. Naquele momento, eu já não estava mais sozinha... 
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Fonte da imagem: http://wallpersdownload.blogspot.com.br/2012/01/background-tumblr-livraria.html

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Da janela, a nostalgia



Fonte: deborabp.tumblr.com/post/14149316597/andar-de-onibus-faz-pensar

Eu passava por lá. E sempre que passava, vislumbrava o horizonte pela janela, à procura de algo que não mais está. Não sei onde ficou, por onde se perdeu. Acho que o vento levou e não trouxe de volta... O que existe agora é o silêncio, coroado pela solidão tranquila e perturbado pelo barulho dos pensamentos. O vento que entra pela janela, agora, vem desacompanhado e só bagunça o meu cabelo. Não me leva a lugar algum.
Ainda passo por lá... isso não mudou... mas os meus olhos não fitam mais o horizonte... Estão quietos e fecham de tão acostumados com a paisagem.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sobre palavras e papéis vazios

Foto extraída de: http://sociedadedospoetasporvir.blogspot.com.br/2012/02/escrever.html


As palavras... sim, as palavras conduzem àquele que, de início, não sabe o que escrever, mas que deseja lançar em um pedaço de papel o que lhe é mais próprio.
Quão difícil é, porém, deixar que as palavras venham e, nessa vinda, permitir que elas mostrem um pouco de nós. Ocorrem embaraços, desencontros, choques... Até que uma resolve surpreender e então é lançada, às vezes de forma despretensiosa, naquele papel em branco, que a gente quer preencher.
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